quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O homem cego


Este artigo é um resumo que retrata a perda de um pai, que conseqüentemente me levou ao caminho das drogas, até ocorrer a percepção de que nada disso valia a pena.


 Dia 02 de julho de 2009, período da tarde, Santa Casa municipal de Araçatuba, interior de São Paulo, foi nessa exata data e local, que falecia o meu herói. Um momento sem claridade nenhuma, difícil de compreender, até para si mesmo. Uma fatalidade que me expôs a vida por um caminho diferente, que até então era pouco desconhecido por mim.
 As vidas opostas são de conhecimentos que poucos sabem, afinal, a morte não é uma coisa muito agradável para se estudar. Porque temos que morrer?  É claro, para que outras pessoas venham a nascer e ocupar o nosso lugar na Terra. Se esse processo não existisse, eu creio que um planeta não seria o bastante para todos. Nunca sabemos quantos habitantes tem exatamente em nosso planeta, nunca sabemos qual é o nosso exato grau de parentesco com aquele jovem islames, ou coreano, a única coisa que sabemos é que todos nós viemos do mesmo lugar, um lugar que talvez só entendemos após a morte
 A depressão bateu em minha porta, porém ela estava acompanhada, e a sua parceira se chamava drogas, no plural mesmo.  Elas foram minhas amigas por um bom tempo, a morte de meu pai me levou ao abuso delas, excessivamente. Eu não entendia, não pensava, não vivia. Elas me fizeram acreditar que nada era real, que o ocorrido foi um mal entendido e que tudo voltaria ao normal em breve, mas após o seu efeito o peso na mente parecia aumentar, e eu queria vê-las novamente. O álcool era o meu café da manhã, da tarde, e até da noite. Era um hobby para mim ficar bêbado, parecia até um esporte. Ele era minha água que saia dos filtros, do bebedouro publico e do chuveiro.  A combinação dessas drogas me levava para um mundo paranóico, onde eu delirava e brindava com os loucos.
 Até então não havia um congresso, entre eu e família, eu e amigos. Nessa parte da vida eu conheci pessoas ruins, porém pessoas boas também, que levo comigo até hoje, foi tudo uma questão de percepção que certo ser fez comigo, bom, eu posso explicar melhor.
 Certo dia, enquanto ainda estava cego da vida, eu procurava por meus olhos em algum lugar, tentava achar respostas para a pergunta que não cansava de colidir com minha cabeça, após ser chamado de viciado pela família e de quase perder os amigos e o emprego, uma luz conseguiu me iluminar, foi mais o menos assim: Eu estava em transe em minha cama, dormindo como um anjo, esperando o sinal do despertador para me levantar e ter mais um dia de trabalho, quando me dei conta de uma voz me chamando, acompanhada por um leve empurrãozinho no ombro, que dizia o seguinte: ‘’Filho acorda!’’ Realmente eu acordei! Muito assustado por sinal, olhei para o relógio e vi que estava quase atrasado...
 Após o ocorrido eu pensei muito, consegui voltar à vida que eu tinha, antes de meu pai falecer, afinal, graças a esse sinal que ele deu, eu pude perceber que a vida não para na ausência dele, e sim, que deve continuar, pois ele ainda está ao meu lado. Hoje eu acredito que ele olha por mim, ás vezes até sinto a presença dele. Breves arrepios e a sensação de estar sendo observado fazem parte disso, mas o alívio vem após pensar que pode ser ele o causador dessas sensações. Um dia iremos nos encontrar, ninguém pode impedir, pode ser amanhã ou daqui sessenta anos, mas iremos. E sabe o que vou fazer quando isso acontecer? Irei lhe dar um imenso abraço que não lhe dei, quando ele se encontrava em coma no hospital...